Estava pensando em vários textos pra escrever: falaria um pouco mais da transição capilar ou da reeducação alimentar que fiz? Falaria das férias incríveis ou da promoção no trabalho? É tanto pra falar, que comecei a me perguntar o quanto eu ouvia. Isso mesmo: o quanto eu ouvia do outro. O quanto de palavras eu realmente absorvia do outro?
Eu sempre falei muito (com pessoas que conheço, claro), mas comecei a me questionar o quanto eu escutava, de verdade, o que me era dito e se eu realmente dava a devida atenção. A preocupação em ser ouvida era tão grande que eu me atropelava, disputava lugar de fala, acelerava histórias, emendava assuntos, queria adivinhar o que o outro falaria... e eu ainda escrevo esses verbos no pretérito imperfeito, enquanto eles ainda são presente.
Tá, mas aonde quero chegar com isso? Justamente naquilo que você perde por não ouvir o outro. Explico: quando se exercita o "escutar" o outro, você o observa, o entende, o compreende; quando você deixa de fazer, você se coloca no meio do palco, sem conseguir distinguir ninguém na plateia. Com isso, palavras que foram impedidas de serem ditas, palavras que foram ditas e nunca ouvidas, gestos perdidos, histórias atropeladas, silêncio do outro lado. O quanto será que eu perdi?
Garanto que perdi bastante. Provavelmente, o bastante para modificar e melhorar histórias, principalmente, minhas. Uma mão poderia ter sido oferecida, um abraço, um sorriso... Mas e o palco? E sobre querer sempre falar mais sem se atentar aos detalhes de quem, simplesmente, me ouvia? Para 2018, me prometi que ouviria mais as pessoas; e com essa promessa veio o livre arbítrio de escolher as batalhas que valem a pena e de acompanhar o quanto e do que eu mais reclamava, na intenção de reduzir. Parece bem difícil, mas é pior; é um exercício diário, quase que de hora em hora. É respirar fundo, pensar em soluções de como contornar um problema, ao invés de sentar e reclamar dele; e ajuda ter uma equipe de trabalho, atualmente, que tem esse mesmo pensamento.
São pretensões bem ousadas para quem se acostumou sempre a falar tanto, a dialogar tendo 70% do poder de fala, a ouvir pouco. Porém, chega uma hora (ou seria idade?) em que se percebe o quanto se pode perder se, simplesmente, não houver um balanço entre as coisas e pessoas, se não ponderar, se não exercitar o básico: entender e respeitar o espaço do outro, incluindo o lugar da fala. São resoluções de ano novo bem disruptivas, já que é preciso praticar o desapego: pelo lugar de fala, pela posse da atenção, da necessidade de reclamar, da necessidade de brigar por nada, das batalhas insignificantes, que não agregam em nadado ciclo vicioso que tudo isso junto gera.
Vou conseguir? Não tenho certeza, mas aplico metas às minhas metas e calculo apenas 24 horas para cada pretensão: 24 horas sem reclamar disso, 24 horas sem brigar por aquilo, 24 horas prestando atenção de verdade no que me dizem ou escrevem, etc. E assim, vou me policiando e montando uma tabelinha (porque virginiana, né mores) para acompanhar a redução (sendo positiva! :D). Falando em positividade, taí algo que ajuda muito: pensar positivo. Sério, nem é clichê; se há algo chato ou difícil a ser feito, a primeira vontade é reclamar; porém, se pensar positivo, como "complicado de fazer, mas tem solução, vai dar certo", aquilo flui melhor, mesmo que não dê certo de primeira.
Pensar positivo para não reclamar, além de ser algo bom mentalmente, ajuda na produtividade, pois aumenta a procura de fazer algo dar certo ou ter alguma solução (mesmo que essa signifique não possuir solução alguma, rs). Então, é nisso que ando focada ultimamente: como fazer as coisas melhorarem "apenas" ouvindo mais e sendo positiva, além de selecionar as batalhas válidas. E você? Como melhora as coisas na sua vida? Quais são suas resoluções para esse novo ano que acabou de começar? Sobre o que você quer conversar? Eu prometo ouvir. :)
Um novo ano novo!
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