Existe mídia independente?

Ainda em 2019 fiz um artigo de opinião para o mestrado que desse um pouco da minha visão, sob pesquisa, sobre as mídias ditas independentes. Escolhi dois veículos: Mídia Ninja e Jornalistas Livres para mostrar um pouco sobre o que eu penso ou mesmo tenho dúvidas sobre essa "nova" forma de fazer jornalismo. Será que vocês concordam comigo?

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O surgimento das tecnologias ampliou a forma de fazer jornalismo, dando origem a veículos que complementavam mensagens existentes sob outras óticas e outras ideologias. Também houve mudança social, onde indivíduos tornaram-se mais plurais e passaram a consumir informações mais rapidamente. Essa rapidez não permite uma procura detalhada sobre a mensagem recebida, pondo veículos no patamar de formador de opinião, como descreve César Zanin (2015): “Em uma sociedade moderna, os meios de comunicação tornaram-se os principais fornecedores de informação e opinião sobre assuntos públicos.”

Porém, muitos veículos de comunicação possuem ligações ideológicas e políticas com partidos, personagens influentes e empresários; logo, a notícia chega de forma parcial e, muitas vezes, influencia aqueles que a recebem. Para ser um contrapeso à maioria dos veículos tradicionais, que possuem maior poder e cobertura, foi preciso dar voz àqueles que não eram representados, fazer chegar a todos uma mídia mais independente e livre. Isto é, criar coletivos de jornalistas independentes, sem relação com os veículos conhecidos, nem serem financiados por corporações ou partidos políticos. Nas palavras do Mídia Ninja (2019), um desses coletivos: “...uma rede de comunicação livre que busca novas formas de produção e distribuição de informação... Entendemos a comunicação democrática como um direito humano e defendemos o interesse público, a diversidade cultural e o direito à informação...”; outro coletivo, os Jornalistas Livres (2019), complementa: “...uma rede de coletivos originada na diversidade. Existimos em contraponto à falsa unidade de pensamento e ação do jornalismo praticado pela mídia tradicional centralizada e centralizadora.”

A relação desses coletivos com políticos e partidos da esquerda brasileira é inegável; assim como suas pautas defendidas, como direitos humanos, LGBTQI+, negros, indígenas e mulheres, sendo notória a divisão dos mesmos espaços. Porém, atualmente no Brasil, escolher um lado é tentar mantê-lo unido, consistente e coerente; isso, infelizmente, permite que jornalistas evitem algumas críticas, acusações ou cobranças àqueles que estejam do mesmo lado; ainda, o Mídia Ninja assumiu ter sido financiado por George Soros, investidor húngaro-americano e apoiador das mesmas pautas. Então, mantendo relações políticas com partidos e, mesmo não sendo recorrente, financiado por investidor, seria essa mídia, realmente, independente?

A verdade é que não há 100% de isenção ou imparcialidade em nenhuma pessoa, corporação ou mídia, logo não seria diferente com jornalistas e suas mensagens. O que eles precisam, mesmo parciais, é serem livres e independentes para criticar seu lado quando necessário, assim como defender o que acham justo, embora dentro de pautas partidárias. Dessa forma, os coletivos fazem contraponto aos veículos tradicionais e confronta-os, obrigando-os a ampliarem suas pautas; tendo maior liberdade de criar pautas, defender movimentos sociais, suas causas e uma diversidade coletiva maior, contribuindo, assim, para um jornalismo mais equilibrado e mostrando a possibilidade de não precisar se condicionar às ordens do poder ou dinheiro. Sua procura por uma abrangência maior nas suas temáticas e em seus receptores é maior que a sua independência, de fato; porém, seu impacto para o jornalismo geral é inegável e inovador, num cenário carente de visibilidade e de reconhecimento de suas lutas.



(imagem: Medium.com - A Jornada)



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