Achei o texto bonito, que mesmo simples conseguiu mostrar bem como eu também via o Chorão. Faço coro ao Tas: Vá em paz, Chorão! Seus dias de luta acabaram, começam agora os dias de glória! =')
“O Chorão mandou dizer que vai te cobrir de porrada”, o recado do pessoal da Rádio 89FM não era muito animador. No final da década de 90, o Charlie Brown Jr. era a banda da hora, eu mal havia começado a fazer um quadro de entrevistas na rádio rock mais suingada de São Paulo e, mais importante, o Chorão já tinha uma envergadura física que, se me cobrisse de porrada, estaria frito. O quadro se chamava “Ernesto Varela, o Repórter”, personagem com o qual havia iniciado minha vida profissional na TV. Um repórter ingênuo que teimava, perigosamente, em misturar duas coisas que não devem andar juntas: jornalismo e humor.
“Mas, por que?”, perguntei. Parece que ele não gostou de você ter insinuado que todos roqueiros são maricas, alguém sugeriu. Não me lembrava de ter feito tal piada infame. Provavelmente, nunca fiz. Mas não importava, ao ser convidado para participar do quadro, Chorão se queixou de algo que tinha ouvido na rádio e mandou me avisar que ia me pegar na esquina.
Estou numa fila na pista do Aeroporto de Congonhas diante do avião que vai me levar ao Rio de Janeiro. O ruído de rodinhas de skate no asfalto quebra a monotonia da tarde quente. Sinto o deslocamento e aproximação do condutor da prancha, que gira e para diante de mim. De perto, Chorão é ainda maior do que se imagina. Três segundos de suspense. Finjo naturalidade. A tensão é cortada por uma risada rasgada do bebezão na minha frente, que oferece a mão no tradicional cumprimento dos skatistas e agora me chacoalha num abraço de urso.
“Não sabia que o Ernesto Varela e o Marcelo Tas eram a mesma pessoa, desculpe aí, sou seu fã, cara!”, dispara ele. Não entendo bem a “explicação”, mas sinto um alívio enorme. Trocamos palavras e gargalhadas ainda na fila e então ele pede para sentar ao meu lado no avião para mostrar novos projetos, fotos, novas músicas e ideias que traz na cabeça…
Chorão: fúria e a doçura em forma de guri. Tive a alegria de ter conhecido o pacote completo. Também pude transmitir a ele próprio a minha admiração, debater nossas diferenças e comemorar nossas paixões comuns como a de torcer pelo Santos F.C.
Hoje é um dia de derrota para os que lutam contra a tristeza e solidão do mundo. É um dia para celebrar a espontaneidade da poesia que flui do corpo de jovens doces e furiosos.
Obrigado, Chorão, e vá na paz!"
Por Marcelo Tas.
Muito bom o texto! Grande Tas. Grande Chorão!
ResponderExcluirNem tão grande Tas assim. rs
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