E a culpada é a Natureza!

Mas é uma audácia realmente.
Um abuso sem tamanho. Como dizem que a culpa foi da Natureza?

Foi ela que furou o cano? Foi ela que não fez o reparo técnico adequado? Foi ela que falhou tecnicamente? Foi ela que foi irresponsável?

Já vi e ouvi diversas desculpas e mais outras diversas formas de dizer as mesmas desculpas. Mas dizer que a culpa foi da Natureza é apelar de mais, essa é nova para mim.

É absolutamente inadmissível que uma empresa do porte da Chevron se nivele tão por baixo em seus argumentos. É inadmissível!

Espero, sinceramente, que ela seja punida severamente. 

A ANP, pelo que consta, não está facilitando para ela e a atitude de proibí-la de furar e explorar os poços no país me parece cabível e bem aplicada.

Resta-nos, no momento, aguardar o desfecho do caso com a esperança que a justiça seja feita, independente de porte, tamanho, poder ou dinheiro da empresa.

A audácia de um poluidor



A se confirmarem as informações veiculadas agora à noite pelo Estadão, estamos diante de um caso de comportamento inaceitável de uma empresa estrangeira que, por acabar de protagonizar o mais grave acidente da exploração marítima de petróleo do qual já se teve  notícia no Brasil ainda quer vir “cantar de galo” sobre as autoridades brasileiras.


Diz o jornal  que o sr. Ali Moshiri – o mesmo que, segundo o Wall Street Journal, em 2008,  mandou jogar fora os planos técnicos da própria Chevron no campo de Frade e iniciar outro, com poços “mais simples e mais baratos” – entrou reclamando na audiência com o Ministro das Minas e Energia, Edison Lobão. Diz o Estadão que ele “reclamou que a empresa só soube da suspensão da autorização para novas perfurações por meio imprensa, antes de ser notificada oficialmente.


“A manchete da CNN foi: Chevron não pode mais operar no Brasil. Uma empresa do nosso porte não pode ser tratada dessa forma”, teria dito Moshiri ao ministro.”


Não, senhor Moshiri. A história é outra: é um país como o nosso que não pode ser tratado desta maneira.


Se a ANP merece crítica, não é essa. É o contrário, a de ter ficado de muita conversinha privada com a Chevron, antes de falar em público com a devida firmeza. A suspensão que ela anunciou ontem não foi apressada, foi demorada.


Diz o jornal que o Sr. Moshiri “baixou a bola” ao ser lembrado de que o problema central era o vazamento. E é, mas por enquanto.


Quem não está sendo respeitoso neste caso é o seu grupo empresarial, não as autoridades brasileiras.


O seu subordinado, presidente do ramo brasileiro da Texaco, George Buck, ao menos pediu desculpas – instado, aliás, a fazê-lo, pelo Deputado Giovani Cherini (PDT-RS), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara. Pediu desculpas  e só, nada mais.


O resto foram declarações vazias. Dizer que as preocupações eram com a segurança das pessoas, com o meio-ambiente e com o tamponamento do poço, bastaria mandar um assessor dizer.


Não se comprometeu em aceitar as multas.


Não forneceu informações técnicas detalhadas – amanhã a gente vai postar aqui a razão das perguntas técnicas apresentadas pelo deputado Brizola Neto – e foi genérico sobre o único dado objetivo que explica porque um evento relativamente normal nas perfurações – o “kick do petróleo (que pode ocorrer também com gás) – levou a um escape de óleo para o solo marinho e, daí, para o oceano.


Disse que a cimentação da sapata situada a 567 metros – embora, por três vezes, ele tenha dito 567 feet, ou pés, o que é um terço disso – não tinha se revelado adequada. Mas não disse quando isso foi percebido, se depois do acidente ou antes, quando são feitos os ensaios (Cement Bond Logging), logo após a sua implantação, o que exige uma parada – e cara parada – na atividade de perfuração, ou se depois do derramamento de óleo.


Mas este é assunto para um próximo e detalhado post. Por agora, é registrar e ver se o representante de um empresa que confessa ter a culpa por um vazamento de petróleo em nosso litoral tem o direito de chegar de topete em riste para dizer como as autoridades brasileiras devem agir.


E muito menos ouvir dele “boutades”  como a que registra a Carta Capital onde se  diz que Moshiri “culpou a “mãe natureza” pelo acidente provocado por sua empresa que provocou o vazamento de petróleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.


Conversa Afiada  - 25/11/11

Comentários

  1. A Chevron é uma heroína por conseguir conter a fúria da natureza. Hã.
    Pena que a natureza não lançou lava por dentro do duto de perfuração da Chevron.

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